Lívia Monteiro também passou por transfusão devido à grande quantidade de sangue que perdeu no procedimento. Ela faz o uso do tabaco desde os 16 anos em rodas de amigos.

Por Kessillen Lopes**

Uma jovem de 19 anos teve parte do pulmão retirado em uma cirurgia de lobectomia – remoção do lobo inteiro do pulmão -, na segunda-feira (14), por causa de fungos contraídos durante o uso de narguilé, em Cuiabá. Lívia Monteiro também passou por transfusão devido à grande quantidade de sangue perdido no procedimento.

Lívia contou à reportagem que ficou dois dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e agora se recupera em uma enfermaria. Nas redes sociais, ela publicou uma mensagem de alerta aos amigos.

Lívia Monteiro precisou retirar parte do pulmão, e agora se recupera da cirurgia — Foto: Lívia Monteiro/Arquivo pessoal.

“O pós-operatório não é fácil. É preciso ficar com um dreno o tempo inteiro durante uns cinco dias. Os fungos são silenciosos e se prolifera pelos órgãos, podendo causar morte ou até mesmo paralisação do órgão. A dor é tanta que estou à base de morfina e mesmo assim ainda sinto dor”, disse.

Segundo a jovem, ela faz o uso de narguilé desde os 16 anos, no entanto, não era frequente.

“Muitas vezes estava no ambiente com narguilé, mas não fazia o uso, por que me dava dor de cabeça e enjoo. Era uma vez por mês, ou um pouco mais”, explicou.

Lívia disse que a primeira vez que se sentiu mal após o uso do tabaco foi em abril deste ano.

“Passei mal um único dia. Fui ao hospital com falta de ar e febre achando que fosse Covid, mas fiz três testes e todos deram negativo. Depois, fiz tomografia e os médicos de plantão disseram que não era nada”, contou.

Ainda na dúvida, a mãe da jovem decidiu levar os resultados dos exames a um pneumologista, que deu o diagnóstico de aspergilose – infecção causada por fungos.

Em seguida, após um breve tratamento, ela foi encaminhada para a cirurgia. O procedimento demorou cerca de 6 horas.

A jovem está usando dreno devido à cirurgia — Foto: Lívia Monteiro/Arquivo pessoal

Ela segue em tratamento no hospital, sem previsão de alta.

“Sejam cuidadosos e exijam sempre os devidos cuidados no uso do narguilé. Caso utilizem, tenham responsabilidade com você e com o próximo. Não desejo isso que estou passando a ninguém”, ressaltou.

Narguilé x riscos

A fumaça produzida pelo narguilé e tragada pelos jovens é composta de água e tabaco aromatizado. Muitos dividem o bocal do aparelho em uma roda de conversa, o que pode ocasionar riscos à saúde.

O tabaco para o narguilé é produzido pela fermentação com melaço, glicerina e essências de fruta. Se comparado com o cigarro, muitos acreditam que o hábito faz menos mal para a saúde.

No entanto, segundo um estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a fumaça do narguilé inalada por 20 a 60 minutos equivale a fumar 100 cigarros.

Como o produto produz um sabor adocicado, as pessoas acabam consumindo por mais tempo. A média de consumo, em geral, é de 1 hora.

G1 MT